Assassinando Um Ente Querido

Hand crushing cigarettes over white background

Olá, Aqui é o Carlos.

O escritor Ruben Alves gostava de andar no Bosque dos Alemães, no Jardim Guanabara em Campinas, próximo de sua casa. Eu morava bem em frente ao Bosque… e de vez em quando observava o escritor caminhando lentamente olhando as borboletas, as plantas, as árvores altas, ouvindo os pássaros que um dia sairiam dali e voariam direto para as páginas de seus livros, e deles, para o baú de nossas memórias.

Há alguns anos Rubem Alves ofereceu-nos um belo texto sobre as Razões do Poder do Cigarro sobre nós. Nele coloca um trecho do livro “Viver Para Contar” do escritor colombiano Gabriel Garcia Marques.

Marques conta-nos sobre a sua ligação com o cigarro, e como ele conseguiu Parar de Fumar. Eis o texto:

“Eu estava proibido de fumar por causa da pneumonia, mas fumava no banheiro, como que escondido de mim mesmo. O médico percebeu e falou sério comigo, mas não consegui obedecê-lo. Já em Sucre, enquanto tratava de ler sem pausa os livros recebidos, acendia um cigarro com a brasa do outro até não poder mais e, quanto mais tentava abandonar o cigarro, mais fumava. Cheguei a quatro maços diários, interrompia as refeições para fumar e queimava os lençóis quando dormia com o cigarro aceso. O medo da morte me despertava a qualquer hora da noite, e só fumando mais conseguia superá-lo, até eu decidir que preferia morrer a parar de fumar. Mais de 20 anos depois, casado e com filhos, eu continuava fumando. (…) Numa noite, durante um jantar casual em Barcelona, um amigo psiquiatra explicava a outras pessoas que o tabaco talvez fosse o vício mais difícil de erradicar. E me atrevi a perguntar qual seria no fundo, a razão, e sua resposta foi de uma simplicidade assustadora: “Porque, para você deixar de fumar, seria como matar um ente querido”. Foi uma deflagração de clarividência. Nunca soube e nem quis saber a razão, mas esmaguei no cinzeiro o cigarro que acabava de acender, e não tornei a fumar mais nenhum, sem ansiedade e nem remorso pelo resto de minha vida.”

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Ao longo dos anos de dependência Você cria um laço afetivo e erótico com o cigarro dos mais fortes. Certa vez ouvi de uma mulher: “Eu casei com o cigarro.” Outra disse: “Ele é meu amigo”. E outra dizia “Ele é meu confidente”. Assim largar o cigarro é como abandonar o amigo, o amante, o confidente…  um objeto espiritual.

Para Ruben Alves o poder do cigarro sobre nós é literário/espiritual/poético. Descobrindo a palavra poética por detrás do cigarro, o seu poder sobre desaparece.

Fazer isto exige preparação, cuidado e atenção. Foi o que fez uma jovem mulher que acompanhei quando decidiu “matar cigarro, o seu ente querido.”

Ela foi até o fundo do quintal, cavou um pequeno buraco com a colher de sopa… estava visivelmente emocionada. Enfiou a mão no bolso e tirou o maço de cigarro quase cheio…  de subido abaixou e colocou-o no buraco. Com uma das mãos deslizou suavemente a terra para dentro do buraco… e chorou. Ela sepultou o seu ente querido ainda quase vivo… para nunca mais.

Abraço, Carlos

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