Em Fevereiro de 2015 reiniciamos os atendimentos em psicoterapia de base analítica aos pacientes em nossa Clínica de Psicologia Espaço Kairós.
Nosso ofício é acompanhar e ajudar pessoas (jovens e adultos) com sofrimento na mente, no ser, na alma. Sofrimentos que geralmente aparecem com roupagens pouco convencionais, e que necessitam de um manejo e atenção complexos. Para isso precisam ser reconhecidos por nós, profissionais.
Um exemplo disso é o que Simone Weil chama de a doença do desenraizamento. Modalidade de sofrimento que encontramos em nossa clínica. São pessoas que se sentem sem raizes, soltas na vida, sendo jogadas de um canto a outro e sem destino. É o sofrimento daqueles que se sentem sem lugar no mundo. A questão é que elas não se sentem enraizadas no coração de outra pessoa, de uma pessoa que lhe seja significativa.
Esta modalidade de sofrimento, gera duas consequências terríveis para a pessoa que sofre, e para aqueles que convivem com ela no trabalho, na família ou em outros espaços: a violência, que gera mais desenraizamento, e a inércia da alma. Alma no hebraico é vento, e vento se movimenta. Uma alma inerte, não se movimenta, está paralisada em seu ser, pesada. Assim são as pessoas que vivem esse estado de ser.
Aparentemente diferentes, a violência e a inércia da alma, são expressões de uma vida que se definha e pede socorro. A questão é se esse pedido de socorro pode ser ouvido pela própria pessoa (o que a levará a procurar ajuda), e pelos que estão à sua volta (em propor, indicar e buscar a ajuda adequada).
Nessa compreensão, somos como árvores plantadas que crescem, tem o seu ritmo próprio, o seu tempo de florescer e dar frutos. Árvores abrigam os pássaros e fornecem-lhes o alimento necessário, lhes permitindo cantar sua alegria. Sua beleza e saúde alegra nossos corações. Sua interação é viva, o vento toca suas folhas, ela responde com suavidade e intensidade. Ela está integrada ao movimento da vida com toda sua singularidade.
Essa metáfora vegetal sobre natureza humana, proposta por Simone Weil, é sensível a um aspecto bem peculiar do desenraizamento que vivemos atualmente em nosso mundo moderno, que é a forma como tratamos a natureza, as árvores, os rios, as nascentes, enfim, o meio ambiente. Ela resgata uma interação e compreensão que estão sendo perdidas, e em muitos aspectos tem se voltado contra nós mesmos.
Carlos Augusto Rodrigues de Souza
Psicólogo – Mestre em Psicologia Clínica
Fone: (19) 3241-3281
